sexta-feira, 6 de julho de 2007

Lendas

01

Oyá lamentava-se de não ter filhos, uma situação consequente da sua ignorância a respeito das suas proibições alimentares. Embora lhe fosse recomendado comer cabra, ela comia carneiro. Foi consultar um babalaô, que informou seu erro, lhe aconselhando a fazer oferendas, entra as quais deveria haver um tecido vermelho. Este pano, mais tarde, haveria de servir para confeccionar as vestimentas dos Egúngún. Tendo cumprido essa obrigação, Oya tornou-se mãe de nove crianças.

02

Embora tenha sido esposa de Sangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários Reis. Foi paixão de Ogum, Osogiyan e de Esú. Conviveu e seduziu Osossi, LOgum-Edé e tentou em vão relacionar - se com Obaluaê. Sobre este assunto a história conta que Iansã percorreu vários Reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo. Em Irê , terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la.Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Osogiyan.

Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo. Depois partiu e nas estradas deparou-se com Esú. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Osossi, seduziu o Deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Esú. Seduziu LOgum-Odé, e com ele aprendeu a pescar.

Foi para o Reino de Obaluaê pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oya queria e ela respondeu: "queria ser sua amiga". Então, fez sua Dança dos Ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha: "Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo." - "Quer mesmo aprender, Oya? Vou te ensinar a tratar dos Mortos". Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Sangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do Rei do Trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Sangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orisá do Fogo.

03

Oyá vivia com Ogum antes de tornar-se esposa de Sango. Vivia, então, com o ferreiro ajudando-o em seu ofício, principalmente manejando o fole para atear fogo à forja. Certa vez Ogum presenteou Oyá com uma varinha de ferro que possuía o poder de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres, bastando tocá-la no corpo de um deles. Ogum dividia com Oyá, o poder de manejar essa arma nas guerras.

Nessa mesma vila vivia Sango, simpático e sedutor que, vez por outra, ia à casa de Ogum apreciar não só o trabalho do ferreiro, mas também para arriscar olhares para Oyá. Sango impressionava muito Oyá, principalmente por seu olhar majestático.

Um dia Oyá fugiu com Sango fazendo com que Ogum saísse numa busca alucinante pelos dois. Ao encontrarem-se, Ogum e Oyá tocaram-se ao mesmo tempo com a varinha e o encanto aconteceu. Ogum dividiu-se em sete partes donde recebeu o nome de Ogum Mejê, e Oyá foi dividida em nove partes, sendo conhecida como Oyá Mesan, a mãe que transformou-se em nove.

04

Ogum estava caçando na floresta. Colocando-se na espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo, quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Surgiu uma linda mulher. Era Oyá. Ela enrolou a pele nos chifres e a escondeu num formigueiro.

Ogum apossou-se do despojo, escondendo-o. Seguiu então Oyá, que em passo elegante dirigia-se ao mercado, a fim de fazer-lhe a corte. Lá, pediu-a em casamento. Oyá sorriu, mas recusou-se ao pedido. Então Ogum disse que a esperaria.

Oyá voltou à floresta e, não encontrando sua pele e chifres no formigueiro, voltou ao mercado já vazio onde Ogum a esperava e disse que se casaria com ele. Recomendou, no entanto, que ele não contasse a ninguém que, na verdade, ela era um animal. Ogum respondeu que guardaria segredo e levou Oyá.

Viveram bem durante alguns anos e Oyá pôs nove crianças no mundo, o que provocou o ciúme das outras esposas. Elas fizeram então alusão ao segredo. Oyá, enraivecida, vestiu a sua pele, e sua a forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas, partindo em seguida. Os seus chifres, ela os deixou com os filhos, dizendo-lhes que os batessem um contra o outro, em caso de necessidade, que ela viria imediatamente em seu socorro.

05

Osogyian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente. Osogyian pediu a seu amigo Ògún urgência, Mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Osaguiã que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ògún a apressar a fabricação.

Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Osogyian venceu a guerra. Osogyian veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de Oyá.

Um dia fugiram Osogyian e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Osogyian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Osogyian, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja de Ògún. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Osogyian da de Ògún.

E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava. E o povo se acostumou com o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oyá a forja de Ògún. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias.

O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e o povo chamava a isso tempestade.

06

Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oyá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra. Tanto girava Oyá na sua dança que provocava vento. E o vento de Oyá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê. Para surpresa geral, era um belo homem. O povo o aclamou por sua beleza.

Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Fez de Oyá a rainha dos espíritos dos mortos. Rainha que é Oyá Igbalé, a condutora dos eguns.

Oyá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.

Rainha Oyá Igbalé, a condutora dos espíritos.

Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.

(Fonte: www.casadeoya.com.br)

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